A digitalização não é mais uma escolha, é uma necessidade. Tudo o que resta é decidir o quão rápido ela será adotada pela economia em geral. Essa foi a principal mensagem do Fórum Econômico Internacional de Saint Petersburg (SPIEF), evento de importância mundial sobre economia e geopolítica.
A edição de 2018, realizada de 24 a 26 de maio, contou com a participação de importantes personalidades, que representam um quarto da população mundial e um terço do PIB global: o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o presidente da França, Emmanuel Macron, o primeiro ministro do Japão, Shinzo Abe e o vice-presidente da China, Wang Qishan. Durante o painel, eles dividiram o palco com a diretora geral do IMF, Christine Lagarde.
No papel de anfitrião, Putin declarou que o desenvolvimento digital é uma prioridade para o seu país. Ele afirmou que a digitalização, junto com outras inovações tecnológicas, pode contribuir para o desenvolvimento harmônico não só das nações presentes no encontro, como para outras nações de todo o mundo. Se agora a economia está globalizada, então os avanços tecnológicos, como a digitalização, estão ainda mais.
Energia digital
A digitalização envolve todos os aspectos da economia e da indústria, principalmente a energia. O setor energético é crucial para a Rússia e foi tema de vários debates durante os três dias de evento de Saint Petersburg.
A convergência desses dois importantes temas foi o foco de uma mesa intitulada “Digitalização e o Futuro dos Sistemas de Energia”. A discussão também contou com a contribuição do CEO da Enel, Francesco Starace. O moderador, Christoph Frei, Secretário Geral e CEO do Conselho Mundial de Energia, afirmou em sua introdução que a digitalização é um dos três elementos chave que conduzem a mudança no setor de energia, junto com a descarbonização e a descentralização. Todos os três são igualmente fundamentais e estão interconectados.
Todos os participantes reconheceram as inúmeras vantagens da digitalização na oferta de energia para clientes e operadores – eficiência, melhor qualidade do serviço, economia financeira, redução das perdas comerciais e dos furtos de eletricidade, além do novo papel, mais ativo, dos consumidores.
Starace, com base no trabalho inovador da Enel de medição inteligente, também descreveu a ordem em que esses benefícios aparecem – primeiro as vantagens econômicas geradas pela integração da leitura de medidores com o processo de faturamento; depois a redução nas perdas técnicas e não técnicas e, finalmente, a melhora no cálculo do balanço de energia e a resiliência da rede, um dos aspectos mais promissores.
A rede digitalizada é mais flexível e capaz de oferecer outros serviços para os quais não foi planejada originalmente, por exemplo, a integração com as fontes renováveis e as mudanças na gestão da rede (que não são mais top-down, do fornecedor para usuário, mas também de baixo para cima e horizontalmente). Por último, a segunda geração de medidores inteligentes apresenta mais funções, como a possibilidade de regular o consumo de energia de acordo com os preços da eletricidade em tempo real.
A experiência da Enel como modelo
Starace, então, resumiu a história do nosso Grupo nesse setor. Na Itália, o processo de digitalização foi concluído há 15 anos, e o investimento começou a dar retorno apenas três anos depois. Nós acabamos de completar um processo similar na Espanha e já estamos considerando os próximos passos, começando com Romênia e Chile.
A experiência nos ensinou que essa é uma operação relativamente barata, e os problemas são percebidos somente no início, sobretudo pela incerteza por parte das entidades regulatórias. Depois que o projeto é lançado, é necessário força de vontade para levá-lo adiante com rigor e disciplina, tendo dois objetivos em mente – atualizar os dados de infraestrutura (salvando as informações na nuvem) e modificar os processos de gestão do back office.
Pavel Livinsky, diretor geral da Rosseti, que opera as redes de energia na Rússia, citou que o modelo da Enel é um exemplo a ser seguido. Ele comentou que a nossa experiência o encorajou a ter uma visão otimista sobre o futuro da digitalização da rede elétrica. Além de ser um reconhecimento dos nossos méritos históricos e tecnológicos, o depoimento de Livinsky também confirma que a digitalização não tem mais fronteiras, sendo um fenômeno global.
Novo acordo para a Enel na Rússia
Nossa participação na conferência de Saint Petersburg foi também uma oportunidade para o nosso CEO assinar um acordo de parceria entre a Enel e a companhia ferroviária russa RZhD para o desenvolvimento conjunto de sistemas de armazenamento inovadores a serem instalados ao longo da rede ferroviária do país.
O objetivo é estabilizar a rede elétrica, melhorar a gestão dos trens e evitar reestruturações mais caras. Para a Enel, o acordo é tanto uma oportunidade de desenvolver uma nova tecnologia de armazenamento de energia (um fator cada vez mais crucial para gestão das redes) quanto de consolidar nossa presença na Rússia, onde estamos reestruturando nossas atividades, visando desenvolver serviços energéticos inovadores e favorecer a transição para as energias renováveis. Trazer nossas inovações a um dos mercados mais importantes do mundo faz parte do nosso compromisso de promover a globalização tecnológica.