“Com 12 anos, eu fui diagnosticado com disritmia cerebral de terceiro grau e até a minha própria família acreditava que as chances de eu construir uma carreira eram muito pequenas. Mas eu sabia que, no dia em que eu tivesse a oportunidade de mexer com um alicate, eu nunca mais largaria esse ofício. Aos poucos, observando meus irmãos trabalharem, fui aprendendo, estudei bastante e consegui me formar como técnico eletricista. ”
Hoje, Dorvalino é um exemplo não apenas para seus irmãos, como também para seus colegas de trabalho e para a comunidade em que vive. Por conta das dificuldades que passou, ele decidiu montar, sozinho, uma escolinha para ensinar os fundamentos básicos da eletricidade para jovens carentes. A primeira turma se formou no final de março e 25 novos eletricistas já estão disponíveis para o mercado de trabalho:
“O projeto da escolinha começou há 22 anos, mas só agora eu consegui tirar do papel. Em vez de trocar de carro, resolvi investir nesse sonho porque acredito que a energia elétrica tem a possibilidade de melhorar a história de todo ser humano que tenha força de vontade. Meu desejo é facilitar para as pessoas aquilo que foi difícil para mim. Ver um profissional que nunca pensou em trabalhar com energia montar um comando elétrico, por exemplo, me deixa muito orgulhoso.”
Inspiração e inovação, noite e dia
Na Enel, o trabalho de Dorvalino é basicamente na rua, realizando a manutenção dos equipamentos, religadores e reguladores de tensão e dos circuitos da rede elétrica: “da usina até a energia chegar no medidor do cliente, por mais que eu não saiba de tudo, estou sempre tentando ajudar, dando suporte, observando os processos para dar novas sugestões de como melhorar o trabalho. ”
Desde 2013, Dorvalino participa ativamente do programa Inspire, criado pela Enel para incentivar novas ideias dos colaboradores. O projeto reforça um dos pilares mais importantes da filosofia Open Power: a inovação.
“Nestes cinco anos do Inspire, o Dorvalino já participou de 15 projetos, sendo que quatro foram campeões de ciclo e quatro foram campeões anuais. Suas ideias, muitas delas simples, fruto da observação do dia a dia, já nos ajudaram a melhorar bastante nossos processos de segurança e atendimento. Ele é realmente uma inspiração para todos nós.”
Pelo menos dois projetos merecem destaque. Ao perceber que muitos colegas se acidentavam durante a instalação de hastes de aterramento, realizada tradicionalmente com o auxílio de uma marreta, Dorvalino teve a ideia de acoplar um martele elétrico para otimizar o processo. Sendo assim, além de diminuir o esforço físico dos trabalhadores, a instalação que, dependendo das características do solo chegava a demorar 15 minutos, passou a ser realizada em cerca de 5 minutos. Além disso, o processo que demandava a participação de pelo menos cinco funcionários agora pode ser feito por apenas um técnico.
Outro projeto, chamado por Dorvalino de “Maleta Tira-Teima” melhorou bastante o relacionamento da distribuidora com o cliente final. Muitas vezes, quando as equipes técnicas visitam uma residência para atender a um chamado, não há ninguém em casa e alguns equipamentos elétricos estão desligados. Sendo assim, os técnicos utilizam um amperímetro para verificar a carga diretamente no medidor, que geralmente não apresenta oscilações. No entanto, mais tarde, quando um chuveiro elétrico ou um ar condicionado mais potente são ligados, é possível que o defeito se manifeste novamente.
Para possibilitar que as equipes identifiquem os problemas já na primeira visita, solucionando o chamado dos clientes, Dorvalino criou um dispositivo capaz de gerar uma carga elétrica maior, de forma autônoma. Sendo assim, os cabos de prova da maleta sinalizam qualquer discrepância que precise ser corrigida na hora, mesmo que o cliente não esteja em casa. O protótipo desenvolvido por Dorvalino já está sendo aprimorado por fornecedores externos e foi adotado como “procedimento interno” que deve ser seguido por empresas parceiras. Pelo menos 16 “Maletas Tira-Teima” já estão sendo utilizadas por equipes técnicas da Região Serrana do Estado do Rio.
“Inovar é acreditar que as coisas podem ser melhores do que já são. É não aceitar que as coisas já estão prontas, simplesmente porque elas sempre foram daquele jeito. Eu acredito que existam dois grupos de pessoas neste mundo: aqueles pelos quais a vida passa, que culpam os outros por qualquer problema; e aqueles que passam pela vida para deixar um legado. Eu me incluo nesse segundo grupo. Eu posso cair, mas vou levantar quantas vezes for necessário. Quero ser lembrado por ter deixado a minha marca. Para mim, inovar é isso, é deixar uma marca por onde quer que você passe. ”
A história do Dorvalino é ou não é um exemplo de superação e inovação?