“O projeto de soltura experimental monitorada é um dos programas de conservação da biodiversidade que está sendo desenvolvido aqui na região há três anos, pela Enel Green Power”
Existe um condicionamento ambiental na Licença de Instalação do parque eólico que solicita a identificação das zonas críticas de refúgio e alimentação da espécie. Mas era nítido que não seria suficiente e era preciso ir além! Toda a adaptação das aves ao ambiente precisaria ser feita com muito cuidado. E pensar numa forma de monitorá-las após a soltura, para ter certeza de que o trabalho tinha sido bem feito, era fundamental.
Não foi tarefa fácil. Aliás, o Parque Delfina trouxe desafios para a companhia desde sempre: ainda no período de sua construção - quando nasceu com o título de maior parque eólico do Brasil - até o momento em que começou a funcionar, sendo também campeão em geração de energia.
Mas o time que esteve à frente da operação conduziu o programa com maestria durante todas as fases! No primeiro momento, uma área que seria o espaço onde as araras ficariam para reconhecimento do ambiente foi licenciada. Logo após elas chegarem, os desafios ficaram ainda maiores.
“Receber aves que nasceram em cativeiro e não têm o comportamento de uma ave selvagem exigiu da gente um longo período de treinamento”
O processo de descondicionamento alimentar foi a primeira etapa. Por não serem daqui, as aves não conheciam os alimentos que estariam disponíveis naquele ecossistema. O trabalho dos biólogos foi trazê-los ao conhecimento das aves, como aconteceu com o licuri, principal alimento da espécie. A arara pode se deslocar até 50 quilômetros para chegar a um licurizal, portanto é importante que elas possam identificar os frutos para chegar às áreas de alimentação.
A coloração azul de suas penas contrasta com o marrom da caatinga, o que pode facilitar a vida de predadores. Por isso, elas precisaram aprender a se defender e esconder. E os paredões rochosos da região são o esconderijo perfeito. Pode parecer um pouco assustador ter que reconhecer animais ameaçadores nunca antes vistos, mas o treinamento feito pelos biólogos ajudou bastante! Além disso, elas puderam melhorar suas habilidades de voo, já que nunca voaram mais do que dois ou três metros. Isso inclui fortalecer a musculatura e melhorar o condicionamento físico. O trabalho foi intenso! As aves e os biólogos não tiveram descanso nos últimos três anos.
Agora, com a soltura , começa uma das fases mais importantes de todo programa: o monitoramento. E o objetivo é fazer com que a região conhecida como Boqueirão da Onça, que engloba 900 hectares de floresta de caatinga e serrado, volte a ser um habitat para a arara-azul-de-lear.
Aqueles que vivenciaram o projeto nos últimos anos não esconderam a alegria ao ver as araras ganhando espaço no céu da caatinga. Colaboradores e moradores da região acompanharam maravilhados!
“Como bióloga, estudando o que eu estudo, eu acreditava, sim (que a soltura seria possível). E é uma emoção porque a gente está trabalhando duro. Mas agora o coração está um pouco mais ansioso, temos novas etapas a serem concluídas.”
Esta nova fase avança com tecnologia inovadora para garantir que o programa tenha uma longa duração! Os biólogos poderão rastrear as aves e acompanhar seu desenvolvimento. Esse é o primeiro projeto do mundo a utilizar esta tecnologia de monitoramento em araras, o que faz com que seja pioneiro.
Ao mesmo tempo, a equipe da Enel Green Power desenvolveu na comunidade um plano de educação para conservação que vai conscientizar e sensibilizar a população local em sua relação com a natureza.
“Eu me sinto orgulhosa em ver o pessoal querendo salvar a espécie!”
O legado que fica é extremamente importante para a região e para a comunidade científica.
E uma curiosidade: os casais de araras-azuis que se unem para a reprodução permanecem juntos por toda a vida!