Pioneirismo e inovação na soltura monitorada das araras-azuis-de-lear

Publicado em Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2019

“O projeto de soltura experimental monitorada é um dos programas de conservação da biodiversidade que está sendo desenvolvido aqui na região há três anos, pela Enel Green Power”

– Valéria Ladeira, Coordenadora de Meio Ambiente da EGP.

Existe um condicionamento ambiental na Licença de Instalação do parque eólico que solicita a identificação das zonas críticas de refúgio e alimentação da espécie. Mas era nítido que não seria suficiente e era preciso ir além! Toda a adaptação das aves ao ambiente precisaria ser feita com muito cuidado. E pensar numa forma de monitorá-las após a soltura, para ter certeza de que o trabalho tinha sido bem feito, era fundamental.

Não foi tarefa fácil. Aliás, o Parque Delfina trouxe desafios para a companhia desde sempre: ainda no período de sua construção - quando nasceu com o título de maior parque eólico do Brasil - até o momento em que começou a funcionar, sendo também campeão em geração de energia.

Mas o time que esteve à frente da operação conduziu o programa com maestria durante todas as fases! No primeiro momento, uma área que seria o espaço onde as araras ficariam para reconhecimento do ambiente foi licenciada. Logo após elas chegarem,  os desafios ficaram ainda maiores.

“Receber aves que nasceram em cativeiro e não têm o comportamento de uma ave selvagem exigiu da gente um longo período de treinamento”

– Erica Pacífico – Bióloga

O processo de descondicionamento alimentar foi a primeira etapa. Por não serem daqui, as aves não conheciam os alimentos que estariam disponíveis naquele ecossistema. O trabalho dos biólogos foi trazê-los ao conhecimento das aves, como aconteceu com o licuri, principal alimento da espécie. A arara pode se deslocar até 50 quilômetros para chegar a um licurizal, portanto é importante que elas possam identificar os frutos para chegar às áreas de alimentação.  

A coloração azul de suas penas contrasta com o marrom da caatinga, o que pode facilitar a vida de predadores. Por isso, elas precisaram aprender a se defender e esconder. E os paredões rochosos da região são o esconderijo perfeito. Pode parecer um pouco assustador ter que reconhecer animais ameaçadores nunca antes vistos, mas o treinamento feito pelos biólogos ajudou bastante! Além disso, elas puderam melhorar suas habilidades de voo, já que nunca voaram mais do que dois  ou  três metros. Isso inclui fortalecer a musculatura e melhorar o condicionamento físico. O trabalho foi intenso! As aves e os biólogos não tiveram descanso nos últimos três anos.

Agora, com a soltura , começa uma das fases mais importantes de todo programa: o monitoramento. E o objetivo é fazer com que a região conhecida como Boqueirão da Onça, que engloba 900 hectares de floresta de caatinga e serrado, volte a ser um habitat para a arara-azul-de-lear.

Aqueles que vivenciaram o projeto nos últimos anos não esconderam a alegria ao ver as araras ganhando espaço no céu da caatinga. Colaboradores e moradores da região acompanharam maravilhados!

“Como bióloga, estudando o que eu estudo, eu acreditava, sim (que a soltura seria possível). E é uma emoção porque a gente está trabalhando duro. Mas agora o coração está um pouco mais ansioso, temos novas etapas a serem concluídas.”

– Fernanda Paschotto, bióloga

Esta nova fase avança com tecnologia inovadora para garantir que o programa tenha uma longa duração! Os biólogos poderão rastrear as aves e acompanhar seu desenvolvimento. Esse é o primeiro projeto do mundo a utilizar esta tecnologia de monitoramento em araras, o que faz com que seja pioneiro.

Ao mesmo tempo, a equipe da Enel Green Power desenvolveu na comunidade um plano de educação para conservação que vai conscientizar e sensibilizar a população local em sua relação com a natureza.

“Eu me sinto orgulhosa em ver o pessoal querendo salvar a espécie!”

– Arlete Ribeiro, moradora da região

O legado que fica é extremamente importante para a região e para a comunidade científica.

E uma curiosidade: os casais de araras-azuis que se unem para a reprodução permanecem juntos por toda a vida!

ENEL