Estudo da Enel conduzido pela Deloitte aponta cenários e recomendações para alcançar o net zero no Brasil

Conheça o estudo

Com impactos econômicos e sociais significativos para o país, acelerar a descarbonização e a eletrificação no Brasil trará benefícios que vão muito além dos ganhos ambientais, como a possibilidade de um saldo de 8 milhões de novos postos de trabalho em 2050.

Encomendado pela Enel, esta é uma das conclusões do estudo Caminhos para a Transição Energética no Brasil, desenvolvido pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo.

Com o intuito de apontar cenários e subsidiar a adoção de políticas públicas que ajudem o Brasil a acelerar a transição energética e a alcançar os compromissos climáticos firmados no Acordo de Paris, a análise aponta que é viável alcançar um cenário de zero emissão no Brasil até 2050, a partir do envolvimento dos principais setores produtivos, de avanços regulatórios e de medidas governamentais de incentivo à transição.

 

Principais recomendações e cenários

Com a contribuição de representantes dos setores público e privado, o estudo está baseado em dois cenários distintos, vislumbrando as mudanças necessárias para tornar a matriz energética do Brasil mais limpa.

 

A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) apresenta as metas do país para redução de emissões de GEE no Acordo de Paris. O cenário 2 demonstra que apesar do pouco tempo, de menos de 30 anos, seria possível encaminhar o país para uma economia de baixo carbono.

Ainda neste cenário, além do saldo de 8 milhões de novos postos de trabalho, a análise estima um crescimento líquido total de 3% no PIB do Brasil até 2050 motivado pelas ações ligadas à descarbonização e eletrificação.

Energia eólica

Segundo o estudo:

A área de Construção seria a principal geradora de novos empregos, diante das medidas adotadas pelo país para acelerar a transição energética, graças, sobretudo, à construção de novos empreendimentos de geração renovável, como os parques eólicos e solares. Estima-se ainda que a participação feminina na força produtiva do setor de energia cresceria de 22% para 32% no cenário net zero proposto no estudo.

Energia eólica Brasil

Modelo energético brasileiro

O estudo também traz um comparativo do modelo energético brasileiro em 2050, diante dos dois cenários possíveis que serviram como premissa para as análises. Enquanto no cenário mais conservador, a capacidade instalada de energia renovável fica em 65% e 93% (sem e com hidrelétricas), o percentual sobe para 76% e 95% com a implementação de políticas mais enfáticas.

Energia renovável

Fontes Renováveis

No cenário net zero, o consumo de eletricidade no Brasil é suprido principalmente por fontes verdes, sendo as energias eólica e solar responsáveis, juntas, por 63% dos 2.422TWh estimados para 2050. No cenário mais conservador, eólica e solar representam, juntas, 48%, com geração total estimada em 1.752TWh para 2050. Neste quadro, a geração térmica ainda responde por cerca de 10% da matriz elétrica brasileira.

Hidrogênio verde

Hidrogênio verde

se apresenta como complemento para a eletrificação, em especial para setores intensivos em carbono, como indústrias químicas e siderúrgicas. O estudo também aposta no potencial do Brasil para se tornar um exportador do “combustível do futuro”. No cenário net zero, toda a exportação de hidrogênio seria verde, cuja participação alcançará, em 2050, 96% do hidrogênio produzido.

 

Mudanças nos hábitos de consumo

A análise aponta que a jornada brasileira rumo à neutralidade das emissões irá modificar por completo a relação da nossa sociedade com o consumo e a escolha das fontes de energia para atividades cotidianas.

A mobilidade elétrica, por exemplo, estará difundida tanto nos transportes públicos, como na mobilidade privada, gerando economia significativa para seus usuários e melhorando a qualidade de vida nos grandes centros urbanos.

O estudo prevê que, a partir de 2025, os carros elétricos serão uma opção mais barata quando comparados aos carros tradicionais movidos a combustível fóssil.

Esta mudança se dará por uma série de motivos, como a redução significativa no custo das baterias, além de medidas de incentivo à circulação de modelos elétricos, que vão desde a redução no valor de estacionamento até a implementação de políticas para diminuir o custo de aquisição de veículos eletrificados e seus componentes, com a redução de impostos.

A participação de veículos elétricos no mercado automotivo, que em 2019 era de 0,01%, seria de 85% em 2050, no cenário net zero.

Setor industrial

Recomendações aos setores estratégicos

Além de traçar cenários, a análise traz recomendações aos setores estratégicos da economia nacional, indicando ações necessárias para que o Brasil alcance a neutralidade das emissões. Confira:

 

Setor Industrial: Eletrificação dos processos industriais, fabricação inteligente com eficiência energética e análise avançada de dados, uso de biocombustíveis e de resíduos como matéria-prima. 

Setor agrícola: Eletrificação de máquinas agrícolas, incentivo a cultivos mistos e a novos negócios circulares, melhores práticas de manejo, incremento de políticas públicas e precificação de carbono.

Residências, comércios e prédios públicos: Ampliação do uso de aparelhos não elétricos por elétricos, edificações com maior automação,  melhoria dos sistemas de aquecimento, ventilação e refrigeração, uso de iluminação LED e de medidores inteligentes de energia.

Setor de transportes: Eletrificação da mobilidade, com incentivo a veículos elétricos, semáforos inteligentes, melhorias e intensificação das ciclovias.

 

Transmissão de Energia

O estudo também faz uma ressalva sobre a necessidade de sólidos investimentos em linhas de transmissão de energia. O aporte necessário para ampliar a malha nacional estaria entre 166 bilhões e 178 bilhões de dólares até 2050.

Embora a eletrificação dos usos finais aumente 29% nos dois panoramas avaliados pelo estudo, a necessidade de investimento em redes aumenta apenas 7,2% do cenário mais conversador para o net zero. Isso acontece, principalmente, devido ao aumento do uso de baterias como fonte de armazenamento de energia verde, além do incremento da geração distribuída, que demanda menos investimentos em linhas de transmissão em relação à grandes usinas.

Uma oportunidade para combater as mudanças climáticas

Estes necessários investimentos para que o Brasil avance na transição energética e alcance a neutralidade de emissões ainda são menores que o chamado custo social do carbono.

Estes danos representam um impacto financeiro para a sociedade e para as futuras gerações, que aparece em forma de impostos e investimentos públicos e privados para lidar com os efeitos das mudanças climáticas.

Perdas nas colheitas, adaptações ao aumento do nível do mar, combate a incêndios florestais e medidas para proteger comunidades de enchentes, são apenas alguns exemplos dos danos que as emissões de Gases de Efeito Estufa causam à economia e à sociedade. O estudo reforça, portanto, que o Brasil possui uma oportunidade de combater as mudanças climáticas economizando, ou seja, gerando um benefício social.

 

Assista ao evento de apresentação dos resultados do estudo!

ENEL