“Atualmente, muitos serviços de utilidade pública não são inovadores porque operam em um ambiente em que há pouca concorrência. No entanto, nosso setor está implementando uma transformação sem precedentes. A Enel tornou-se um modelo de inovação quando decidiu assumir o desafio da mudança, nos abrindo para a concorrência”
Ernesto Ciorra, Diretor de Inovação do nosso grupo, propôs um desafio para os gerentes das empresas e organizações europeias reunidas em Roma: Como fazer o movimento da Inovação Aberta para a Empresa Aberta? Como transformar os processos internos para tornar a empresa totalmente inovadora?
O fator serendipidade
A Inovação Aberta, acima de tudo, significa a troca de idéias e influências, comparando sua abordagem de inovação com a das empresas de outros setores. A inovação pode, por exemplo, ser o resultado da serendipidade, o elemento de sorte que entra em jogo quando as descobertas são feitas enquanto procura-se por outras soluções não relacionadas, conforme descrito por Markus Nordberg, Responsável pelo Desenvolvimento de Recursos da CERN, Organização Europeia para Pesquisa Nuclear em Genebra. Esta é a história por trás do nascimento da Web, inventada por Tim Berners-Lee no CERN. Inicialmente, ela foi desenvolvida simplesmente como uma maneira de permitir que cientistas de todo o mundo trocassem informações "O problema é como sistematizar a serendipidade”, explicou Nordberg, que destacou o paradoxo que orienta a inovação no centro de pesquisa nuclear em Genebra.
“Chamamos isso de Co-inovação, uma combinação de competição e cooperação. Os cientistas competem uns com os outros, mas isso só é possível se eles compartilharem informações e descobertas”.
“Um enfoque criativo para as soluções é crucial. ” No CERN, centenas de milhares de parceiros externos estão envolvidos anualmente na implementação da “Open Science” (Ciência Aberta), que inclui designers e artistas, bem como físicos e engenheiros. Sua tarefa é, como cita Nordberg, “abrir uma ideia” para explorar todas as formas possíveis, antecipar o desenvolvimento e avaliar o potencial de impacto nos clientes e no mercado. Isso também significa seguir os princípios do Design Thinking, partindo da experiência do usuário, para criar soluções simples para problemas complexos.
Rumo às redes de sustentabilidade e inovação
Quais são as novas tendências da inovação ao redor do mundo? Em primeiro lugar, a percepção da sustentabilidade também como uma oportunidade de negócio. Como Ciorra explicou, devemos passar da “Open Innovation” (Inovação Aberta) para a “Open Innovability” (“Inovabilidade” Aberta). Já não basta ser somente inovador, devemos integrar a sustentabilidade “para criar valor compartilhado e isso só pode ser alcançado por meio da inovação”. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS’s) da ONU representam um ponto de referência para muitas organizações e nosso Grupo está ativamente comprometido com a realização de quatro deles, estabelecendo metas e prazos para isso.
As redes de inovação são outra fronteira importante: olhar para fora da empresa já não é suficiente, é cada vez mais importante criar ecossistemas abertos, plataformas genuínas, onde o feedback dos clientes também possa impulsionar a inovação.
Existem muitos potenciais stakeholders, não apenas startups e universidades, mas fornecedores, parceiros industriais, comunidades de inovação, plataformas de crowdsourcing e consumidores. Como Francesco Starace explicou, nosso Grupo está expandindo rapidamente as redes de seus Innovation Hubs (Centros de Inovação) em todo o mundo, de São Francisco à Moscou e Tel Aviv. “Eles são mais do que pontos de observação, eles coletam e incubam ideias sobre resolução de problemas. ” De fato, são ecossistemas de inovação. “As ideias podem então se tornar oportunidades de negócios, como o lançamento da Enel X mostrou”.
Outras características essenciais da Inovação Aberta são a coragem de estabelecer metas ambiciosas, um direcionamento claro da alta administração, a transparência e flexibilidade dos processos e a capacidade de reduzir o custo dos erros e promover a inovação externa no interior da empresa. A verdadeira “Companhia Aberta”.
“Não existe um departamento separado que crie inovações. A inovação está integrada no Grupo Enel, servimos as diferentes linhas de negócios que geram inovação”
Alguns se concentraram em modelos e teorias organizacionais sobre a transição do período de burocracia (hierarquia) e meritocracia (competência) para a adesão (ação): a formação de grupos ágeis, fluidos e horizontais que são mais capazes de tomar decisões rápidas na era digital. Esta é a abordagem sugerida pelo professor Julian Birkinshaw, da London Business School, em seu livro “Fast/Forward. Make your company fit for the future” (Rápido e Avançado. Faça sua empresa se adequar ao futuro.”
A Inovação Aberta é um trabalho em andamento. Os dois dias em Roma não colocaram um ponto final em todas as dúvidas e receios, algumas questões permaneceram sem resposta: inovação aberta, sim, mas quão aberta? O que é melhor, ser gradual (incremental) ou revolucionário (disruptivo)? Como podemos proteger nossas ideias se as compartilharmos com outras pessoas? Há um limite para a transparência interna e externa? Os holofotes voltarão a cair nessas e em outras questões no próximo grande evento, o World Open Innovation Conference, (Conferência Mundial de Inovação Aberta) previsto para dezembro de 2018, na Escola de Negócios Haas da Universidade de Berkeley, cujo anfitrião, é claro, será a pessoa que primeiro colocou um nome para tudo isso: Henry Chesbrough.