“Não há mais uma separação entre inovação e sustentabilidade. O conceito Innovability é estimulado pelo conhecimento tecnológico e pela criatividade, mas, acima de tudo, pela paixão”
O aspecto do negócio também conta, continua Ciorra: “A Enel está trabalhando pesado para contribuir com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Cada objetivo é um compromisso com a melhoria da vida de todos, ainda que seja um jeito de melhorar os negócios. Por exemplo, o objetivo de número 7 fala sobre dar acesso à energia para aqueles que ainda não tem eletricidade. Alcançar esse objetivo significa fazer algo de bom, ao mesmo tempo em que se cria um novo grupo de potenciais clientes”.
É um mecanismo que Henry Chesbrough, principal palestrante desse #EnelFocusOn e teórico considerado pai da Open Innovation, define no seu livro: “É fascinante ver como a Enel trabalha como um integrador e agregador de consciência para levar energia renovável para todo o mundo, de forma mais rápida, eficiente, sustentável e em grande escala”.
Entretanto, Ciorra continuou, é preciso ter “uma visão corajosa e criativa, pensando fora da caixa, além das barreiras que dizem que a solução para o seu problema é impossível. O adjetivo ‘impossível’ mata sonhos. Se você pode transformar obstáculos aparentemente insuperáveis em desafios, os sonhos podem se tornar realidade”.
Enfrentando desafios tecnológicos com a InnoCentive
Esse é o motivo pelo qual a Enel quer produzir inovação junto com empresas, universidades e organizações sem fins lucrativos, mas também com as mentes mais brilhantes do mundo, aquelas para quem o adjetivo “impossível” não existe ou representa um desafio irresistível. Ciorra acredita que o melhor lugar para encontrar essas mentes é no InnoCentive, plataforma de crowdsourcing que busca encontrar soluções para problemas relacionados à inovação, uma espécie de Google para a Open Innovation. Entre os clientes estão a União Europeia e o EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos). Graças ao InnoCentive, disse Ciorra, atualmente “nós superamos muitos desafios tecnológicos, como direcionar maiores quantidades de raios solares para os painéis fotovoltaicos, e aumentar a eficiência da produção, sem ocupar mais espaço físico. Essa solução maravilhosa e muito simples veio da Guatemala”.
A colaboração tem sido tão rentável que acabou se transformando em um acordo de quatro anos assinado durante o evento por Ciorra e Craig Jones, presidente executivo do InnoCentive. Com este acordo, InnoCentive e Enel vão identificar os 50 desafios tecnológicos que ajudarão o grupo a oferecer eficiência operacional e crescimento industrial e, ao mesmo tempo, criar valor compartilhado para Enel e para seus stakeholders. O objetivo é contribuir para os ODS da ONU, em particular os objetivos 4 (educação de qualidade), 7 (energia limpa e acessível), 8 (crescimento econômico e condições descentes de trabalho) e 13 (ações climáticas). Assim que os desafios forem identificados, a InnoCentive lançará uma chamada na plataforma, pedindo para que os mais de 380 mil solucionadores de problemas do mundo dos negócios, pesquisa, academia e startups apresentem soluções.
“Estamos muito felizes em fazer parte do caminho para a sustentabilidade junto com a Enel. A melhor oportunidade que a internet oferece é aproximar as pessoas e agregar inteligência humana para fazer do planeta, um lugar melhor”
“Nós criamos uma rede de milhares de pessoas em todo o mundo, são talentos especiais que amam todos os tipos de quebra-cabeças e problemas e dedicam suas energias para resolvê-los. E, cedo ou tarde, eles encontram as soluções”. Jones adicionou: “isso pode parecer estranho, mas eles fazem mais por prazer do que por dinheiro, é quase como uma necessidade de resolver os problemas antes que outros o façam”.
Jones citou alguns dados reveladores tirados das estatísticas internas da InnoCentive. Muitas grandes ideias vêm da Itália, que "produz muito mais criatividade do que se esperaria de um país tão pequeno". Mas o fato mais interessante é que a maioria das soluções vem de pessoas que estudaram disciplinas totalmente diferentes do campo ao qual o problema pertence, O que seria como dizer que a criatividade não é dividida em categorias e que, para transformar sonhos em realidade, temos que ser capazes de pensar além, ou aceitar que outras pessoas façam isso em nosso lugar.
Open Innovation, o imperativo categórico
Esse é o núcleo da teoria da Inovação Aberta, cuja origem e desenvolvimento foram explicadas para os participantes do #EnelFocusOn pelo próprio teórico que a formulou, Henry Chesbrough, que dirige o Centro Garwood de Inovação Corporativa da Universidade da Califórnia-Berkeley.
“Na verdade, eu não desenvolvi uma teoria, eu só observei o que estava acontecendo no mundo dos negócios e comecei a escrever sobre isso. Foram mudanças lentas, mas havia indícios de que elas evoluiriam para um modelo mais desenvolvido, ou melhor, um imperativo categórico”
O professor notou que, em 2003, quando escreveu seu primeiro livro sobre o assunto, o termo Open Innovation podia ser encontrado em cerca de 200 páginas do Google. Dez anos depois, em 2013, o termo pode ser encontrado em 483 milhões de páginas.
Chesbrough continuou “Há um tempo atrás, as ideais eram concebidas e amadurecidas dentro das quatro paredes de uma empresa. Isso é um desperdício, porque muitas delas foram pouco moldadas e gradualmente esquecidas, em vez de serem desenvolvidas até a maturidade. Em algum momento, ficou claro que se essas ideias fossem divulgadas fora da companhia, elas poderiam ser enriquecidas, refinadas, aperfeiçoadas e ao retornarem ao local de origem, poderiam produzir um grande número de benefícios para todos. É por isso que a possibilidade oferecida pela InnoCentive de ativar, ao mesmo tempo, 400 mil cérebros para resolver um problema é fantástica. É a ferramenta perfeita para ampliar o conhecimento, dentro e fora de uma empresa, com um foco específico, que não necessariamente tem que ser econômico desde o início”. Como observado por uma das influenciadoras presentes, a jornalista argentina Clarisa Herrera, “ideias não produzem frutos se nós a tratarmos como uma propriedade privada”.
Em resumo, Chesbrough está convencido de que a Inovação Aberta favorece os negócios, reduz os danos ambientais, melhora o impacto social e inspira pessoas a adotar pequenos gestos diários para o planeta. E, ainda mais importante, ajuda na sobrevivência.
Entretanto, para tudo isso acontecer, as empresas precisam mudar a sua cultura corporativa: isso é o que a NASA tem feito, depois de anos apostando no crowdsourcing, para resolver desafios tecnológicos. “Depois de um tempo, eles perceberam que isso criou uma espécie de crise de identidade entre os engenheiros, ao notarem que os problemas que eles reclamavam durante anos foram resolvidos por pessoas que não conheciam nada sobre a engenharia do espaço aéreo e nunca nem trabalharam na NASA. Essa crise foi combatida apenas revolucionando a cultura corporativa, a recriando com foco na inclusão, e com uma abordagem voltada para o exterior. Esse é o caminho a seguir, a alternativa é a extinção.”
Para concluir, Chesbrough afirmou que as pessoas mais brilhantes podem não trabalhar exclusivamente para você, mas é com a contribuição delas que uma simples mesa pode se tornar a mesa que produziu o Instagram e onde alguns sonhos se tornaram realidade.