“A vovó, que não trabalhava, falava para mim “Minha filha, arrume um bom casamento. Sabe o que é um bom casamento? É arrumar um bom emprego para você ter independência financeira.”
A curiosidade adquirida na infância, a afinidade com lógica e matemática e as possibilidades de carreira foram determinantes para sua decisão de cursar Engenharia Elétrica - considerada por muitos alunos como a mais difícil entre as engenharias. Na Faculdade, Raissa era uma das 3 mulheres de uma turma de 30 alunos. Nessa época, a união com seus colegas era o que considerava fundamental para concretizar o curso, além de diminuir qualquer estranhamento pelo fato de ser mulher.
“Nunca imaginei que fosse ser engenheira eletricista. A única coisa que deu esse insight é que sempre fui muito boa em matemática e lógica, mas eu nunca imaginei. Escolhi o curso considerando apenas a enorme área de atuação, a constante evolução e modernização.”
Quando selecionada para a vaga na Enel, Raissa relembra com brilho nos olhos a reação da vovó, que estava internada em um hospital.
“Todos entraram em festa, ali mesmo no hospital, embora não fosse o local ideal. Disse para minha avó que iríamos incomodar os outros pacientes; e ela respondeu que devíamos celebrar mesmo assim , pois era mais uma barreira vencida pela nossa família.”
Se há uma característica que define a família de Raissa, é a união. Todos estão sempre juntos, e isso é uma das coisas que a alimenta. Em sua carreira, não poderia ser diferente. Esse valor e os conselhos das avós Mariah e Teresinha refletem hoje em seu estilo de liderança. A Engenheira acredita que a união de sua equipe, composta por 12 homens, é a chave para levar energia de qualidade aos clientes. Raissa tem orgulho da própria história, dos desafios e barreiras superadas em sua carreira. Por muito tempo, a única mulher no Centro de Operações, precisou conhecer todos os indicadores e saber tudo o que estava acontecendo na área, pois sabia que seria testada.
“No começo foi bem desafiador. Eu fui testada diariamente até terem confiança no meu trabalho. Hoje sou reconhecida pela minha credibilidade e sinceridade. ”
Hoje casada e mãe de Pietra, Raissa acredita que deve preparar a filha para enfrentar o mundo como ele é. Nesse caminho, não esconde dela as dificuldades pelas quais poderá passar e tem orgulho em ver que ela aprende não só com os acertos, mas também com os erros. A Supervisora diz que nunca sai de casa escondida, como algumas mães fazem. Para ela, é importante que a filha saiba o tamanho da responsabilidade que a mãe tem e tenha certeza que, após o trabalho, ela irá voltar. Por isso, mesmo com o choro da criança e o coração partido, prefere conversar e explicar o tamanho das responsabilidades que tem e o quanto isso a completa.
“Às vezes, até brigo com minha mãe e minha sogra quando a Pietra vai calçar um sapato e elas vão ajudar. “Ela sabe fazer só, deixa ela fazer só. Ela tem que ter a autonomia dela.”
A Engenheira sente orgulho em ver que a quantidade de mulheres no setor está crescendo e é comum que ela converse com as que iniciam no Centro de Operações. Como conselho a todas interessadas em ingressar na mesma carreira, Raissa reforça que as mulheres podem ser o que quiserem, pois delicadeza não é fragilidade.
“Não tem essa de ambiente masculino. O que importa é ir atrás dos nossos sonhos e fazer o que nos faz feliz.”